Já era tarde da noite e eu havia bebido um pouco mais. Estava na porta do meu apartamento, testando todas as chaves até encontrar qual era a certa. Demorou alguns poucos minutos esse processo. Entrei cambaleando um pouco, estava um pouco iluminado. Fui me despindo, deixando rastros de roupas pelo chão da sala, até chegar ao banheiro. Entrei embaixo daquela água quente, molhando meus cabelos e chorei. Como chorei naquele momento, não sei o por quê, por quem, por mim talvez? Não sei. Sinceramente não sei. Foram longos minutos de choro quase que descontrolado, desesperador. Sentei no chão e deixei apenas que a água caísse sobre mim, para me acalmar talvez. Minhas lágrimas já estavam esgotadas, meu momento de desespero já havia passado. Levantei-me e fiquei ali parado totalmente nu em frente ao espelho, me encarando, encarando aquele rosto, aquele corpo frágil que ali se encontrava. Minhas olheiras estavam extremamente visíveis, olheiras de alguém que pouco dormia nos últimos tempos. Coloquei um roupão e fui preparar um chá, estou deixando o café de lado ou tentando melhor assim. Abri a porta da varanda e fiquei sentindo aquele vento gelado tocar meu rosto e de certo modo aquilo tornou-se reconfortante. Fiquei sentado por alguns minutos, olhando para o nada ou para tudo, não sei. A chaleira fazia um barulho que naquele momento estava sendo completamente irritante, mas havia me feito voltar para a realidade. Dirigi-me até a cozinha, peguei uma caneca de chá e sentei no sofá sobre as minhas pernas. Estava um pouco frio, o vento soprava com força as cortinas e isso me dava um pouco de conforto, de paz. Estranho, eu sei, mas gostos e situações estranhas, sempre são mais reconfortante eu acho. Vai entender a loucura do ser humano.
A campainha tocou e me levantei quase arrastado de tão cansado que estava e me surpreendi com você ali, parado em minha frente. Um silêncio se instaurou naquele momento, dando espaço apenas para um abraço apertado e algumas lágrimas a mais. Dessa vez a sensação era diferente, reconfortante.
Bom, depois de muito tempo, decidi voltar aos poucos, estou sentindo muita falta de escrever, de ter aquele brilho no olhar, aquela chama a cada texto, poema, enfim, qualquer palavra, frase que eu deixava por aqui e isso me causava uma sensação tão boa, tão reconfortante. Deixei de lado por infinitos motivos. De certo modo foi bom, precisava de uma pausa, precisava respirar e colocar meus pensamentos e sentimentos de volta no lugar. Se hoje estão? De modo algum, mas é melhor organizar aos poucos estando aqui do que afastado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário